segunda-feira, 25 de julho de 2011

SENTIDOS E SIGNIFICADOS CONCEITUAIS EM MUTAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Pesquisa ação na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas*

Valtey Martins de Souza
Renato Noronha Martins
Luiz de Oliveira Silva



Nesse texto iremos descrever uma pesquisa ação realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, em São Domingos do Araguaia, Pará. Nessa descrição nos deteremos com mais profundidade nas ações que visavam frear o desperdício de água e energia elétrica e na fabricação de um formicida ecológico.
Além disso, faremos uma análise das ações citadas, sobretudo, no que tange a ação das pessoas envolvidas. Assim, estruturamos o texto numa parte introdutória, na descrição da pesquisa ação e nas notas conclusivas.

2. DESCRIÇÃO DA PESQUISA AÇÃO

Na disciplina Atividades Programadas para o Estudo da Teoria e da Prática da Educação Ambiental, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, elaboramos um trabalho que tinha como foco principal, fazer uma análise socioambiental da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, na cidade de São Domingos do Araguaia, Pará. Assim, os objetivos principais dessa pesquisa giraram em torno do desvelamento das atitudes desenvolvidas nesse ambiente de trabalho, quer sejam pro socioambiental ou anti socioambiental. Para alcançar esses objetivos as estratégias de análises foram verificar as características do espaço da escola nos planos geral e específico; o contexto desse espaço; os atores, suas funções sociais e intervenções; as dinâmicas, as interações e interrelações estabelecidas inter e entre; os projetos explícitos e implícitos; o resultado socioambiental, tensões e distensões ao ambiente em suas dimensões físicas, biológicas e social (e psico); e as expectativas para com o ambiente convivido.
Dessa maneira, estruturamos trabalho, em um primeiro momento, em uma parte teórica, que discutia o modelo de pesquisa adotado pelo grupo e o conceito de lugar que mais se adequava a mencionada pesquisa. Na segunda parte do trabalho, elencamos as características da mencionada escola e falamos dos atores e seus respectivos papéis no processo educacional. Na terceira parte, relatamos as intervenções que realizamos no nosso ambiente de trabalho e, as intervenções que ainda estão em andamento, ou seja, que não foram concluídas. Na última parte, fizemos nossas conclusões e apontamos possíveis melhorias no nosso objeto de pesquisa.
Desse modo, a pesquisa mostrou que os fatores que pesavam contra o ambiente escolar eram: i) acúmulo de lixo (madeira, plástico, metal e papel); ii) falta de lixeiras dentro e fora das salas; iii) falta de vegetação de médio porte que servissem de barreira contra a entrada de água das chuvas nas salas de aula; iv) falta de vegetação rasteira que dificultasse a retirada de sedimentos pelo escoamento superficial no solo; v) jardins insuficientes para reterem o escoamento superficial; vi) desperdício de energia elétrica com o uso excessivo de ventiladores e lâmpadas; vii) desperdício de água (vazamentos nas torneiras e encanamentos); viii) água empoçada nas imediações e dentro da escola, servindo assim, de criadouro de larvas de mosquitos.

2.1 CONCEITOS RELACIONADOS À PESQUISA AÇÃO

No entanto, para levar a cabo todas essas ações que visavam melhorias para o ambiente escolar, necessitamos mobilizar professores, serventes, vigias, direção e várias pessoas da comunidade escolar. Notamos que para alguns essa atividade a favor do ambiente não era vista como fala Leontiev (2001), pois não mobilizava emocionalmente e corporalmente, parecendo não satisfazer suas necessidades vitais.
Para que isso ocorresse, em nossa opinião, seria necessário que as pessoas envolvidas se sentissem parte integrante de todo esse processo, que desenvolvessem laços de afetividade pelo lugar. Na percepção de Orr (2006), o conceito de lugar é nebuloso para os educadores, porque nós, em grande parte, consistimos numa população destituída de lugar, para a qual os lugares circundantes não são mais fonte de alimento, água, sustento, energia, materiais, amigos, recreação ou inspiração espiritual. Segundo ele o lugar deve ajudar a fortalecer o sentimento de enraizamento, de responsabilidade e pertencimento.
Nessa mesma linha de raciocínio, Sampaio (2005), entende que no dia-a-dia a palavra lugar é uma casa, uma rua, uma cidade ou qualquer outro local identificado por um nome. No entendimento desse autor, o ponto de partida para a compreensão da realidade é o entendimento do lugar, pois é nele que construímos as referências que nos auxiliam quando comparamos as semelhanças e diferenças entre ele e outros lugares do planeta. Ou seja, o entendimento do lugar nos ajuda a construir a “visão” que temos de mundo.
Na percepção de Sampaio (2005):

O lugar que reconhecemos como nosso reúne nossos amigos, familiares, formas, cores e sons bem conhecidos. Ali nos sentimos bem, sentimo-nos em casa. É onde começamos a enxergar e a entender o mundo. Mantemos uma relação de afetividade com os nossos lugares e, quando estamos distantes, sentimos saudades, pois eles fazem parte da nossa vida (p. 11).


3. EXPLICITAÇÕES E ESTRATÉGIAS; CRENÇAS EM ENFRENTAMENTO E CONCEITOS EM MUTAÇÃO

Nesses termos, encontramos empecilhos e colaboração na pesquisa ação, principalmente nas ações que visavam debelar o desperdício de energia elétrica e água. Parte do alunado passou a participar desligando torneiras e lâmpadas quando não se fazia necessário seu uso. Porém, ouvimos comentários de outros, que a água e a energia não eram pagas por eles e nem pela escola, portanto, poderia ocorrer o desperdício. Para eles fazia sentido desperdiçar, pois na base de suas crenças, os recursos como a água e a energia elétrica poderiam ser utilizados indefinidamente sem que ocorresse nenhum problema. Na visão deles esses recursos são infindáveis.
Visto dessa forma, alguns alunos partiram para o enfrentamento, deixando luzes ligadas quando não era mais necessário e deixando torneiras dos bebedouros abertas para derramar a água. Assim, para minorar esses problemas tivemos que intensificar as palestras de conscientização juntamente com medidas repressoras.
Nesse contexto, notamos que ouve um enfrentamento de crenças opostas, onde aquela que defendemos apoia o não desperdício dos recursos citados, e, a crença dos alunos “rebeldes”, defende a ideia contrária a nossa.
Nesse cenário, acreditamos que tenha havido um aprendizado nos moldes que prega Vigotski (2000), que diz que o mesmo se dá pela criação de estratégias (articulação de ações) na direção da atividade, pela qual os sujeitos mobilizam todo o conhecimento disponível (pessoal e coletivo, interno e externo). Esse aprendizado ocorreu, principalmente quando desenvolvemos uma ação que tinha como objetivo diminuir ou acabar com as formigas saúvas que impediam a revegetação do ambiente escolar.
Nesse caso, não poderíamos fazer uso de formicidas comuns, pois acabaríamos poluindo o solo e as águas subterrâneas. No entanto, parte das pessoas envolvidas, como os vigias, por exemplo, advogavam o uso de um pesticida comumente encontrado nos comércios especializados, chamado Mirex. Para eles fazia sentido (entendido aqui como parte do que determinada comunidade acredita) o uso de tal pesticida.
Assim sendo, resolvemos pesquisar e acabamos por descobrir que o significado de formicida também é mutável. Antes significava, a “grosso modo”, veneno para eliminar formigas e, uma de suas desvantagens era a contaminação do solo e subsolo, incluindo a água subterrânea. Agora pode ser entendido como um medicamento que afeta exclusivamente as formigas, deixando o ambiente sem maiores problemas, como a contaminação, por exemplo.
Nessa conjuntura, através da pesquisa descobrimos que para alcançar sucesso nessa empreitada, precisávamos fabricar um formicida ecológico que, segundo o Panorama Brasil (2002), precisa seguir os seguintes passos: para fazer o medicamento basta macerar algumas formigas juntamente com partes iguais de álcool a 70%, glicerina e água. Quanto mais diluído o produto, mais efetivo ele se torna. Desse jeito, já conseguimos diminuir bastante o número dessas formigas e dentro de mais alguns dias, já poderemos iniciar a aventada revegetação.

4. NOTAS CONCLUSIVAS

Nesse texto abordamos uma pesquisa ação que realizamos na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, em São Domingos do Araguaia, Pará. Realizamos uma descrição da pesquisa e uma análise dos resultados alcançados.
Assim, para alcançar os resultados esperados, desenvolvemos uma atividade em que tivemos de nos mobilizarmos emocionalmente e corporalmente. Desse modo, criamos estratégias na direção da atividade, onde os sujeitos envolvidos mobilizaram o conhecimento disponível pessoal e coletivo, interno e externo, ocorrendo à aprendizagem.
Portanto, para que isso fosse possível alguns significados e conceitos tiveram que ser modificados, pois na nossa compreensão, eles são mutáveis no tempo e no espaço, entre grupos sociais diferentes e até mesmo similares.

 5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


LEONTIEV, Alexis N. Os princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-escolar. In: VIGOTSKII, L. S; LURIA, A. R; LEONTIEV, Alex N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 7 ed. Tradução Maria da Penha Villalobos. – São Paulo: Ícone, 2001. (Coleção educação crítica).

LENCIONI, Sandra. Região e geografia. São Paulo: Edusp, 1999.


ORR, David W. Lugar e Pedagogia. In: STONE, Michael K. e BARLOW, Zenobia. (orgs). Alfabetização Ecológica: A educação das crianças para um mundo sustentável. Prefácio Fritjof Capra; Prefácio à edição brasileira Mirian Duailibi; Tradução Carmen Fisher. São Paulo: Cultriz, 2006.


PANORAMA BRASIL. Veneno ecológico vence luta contra formigas cortadeiras. Disponível em: <http://www.agrisustentável.com/san/formiga.htm >. Acessado em: 23/03/2011.


SAMPAIO, Francisco Coelho. Redescobrindo o planeta azul: a Terra pede ajuda. 2 ed. 5ª série; ilustrações Adilson Farias, Luís Moura, Axel Sande.- Curitiba: Positivo, 2005. (Coleção geografia do século XXI).


VIGOTSKI, Lev S. 7.Pensamento e palavra. In: ______.  A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. – São Paulo: Martins Fontes, 2000. – (Psicologia e pedagogia).

* Adaptação de trabalho apresentado a Professora Hildete Pereira dos Anjos, da disciplina Teoria da Aprendizagem e Ensino, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, em julho de 2011.


AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO DA DISCIPLINA TEORIA E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA*

Valtey Martins de Souza

Nesse texto irei discorrer sobre o aprendizado da disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica, onde os conceitos que mais marcaram o aprendizado foram utopia, ambientalismo, modernidade líquida, pedagogia da complexidade e interpretar.
Essa disciplina do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, nos levaram a uma série de reflexões acerca de utopias que temos a respeito do ambientalismo que queremos e praticamos. No meu entendimento, o termo utopia se referia, “grosso modo”, a sonhos inalcançáveis, a realidades distantes, a algo que poderíamos imaginar em ter, mas nunca possuir. No entanto, na primeira aula, logo no início da manhã, o professor nos fez vislumbrar outra possibilidade de ver o termo em questão, a partir de agora, utopia passa a ser entendida como para onde nos queremos caminhar.
Nessas condições, faço uma análise de que o termo citado acima era visto como eu falei primeiramente, especialmente devido a vivermos em uma sociedade em que prevalecem os valores que privilegiam as relações capitalistas de produção, em detrimento de relações que humanizem as relações entre os seres componentes do tecido social. Na minha interpretação, a sociedade humana passa por um processo de transformação que na percepção de Bauman citado por Oliveira, pode ser sintetizada nos seguintes processos: a transformação do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo a procura de afirmação no espaço social; a transição de estruturas de solidariedade grupal para as de disputa e competição; o abrandamento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, originando um constante ambiente de incertezas; a colocação de culpabilidade por casuais fracassos no plano individual; o final da perspectiva da idealização em longo prazo; e o divórcio e a iminente separação total entre poder e política. A esse momento por que passa a sociedade humana, o autor citado anteriormente chama de modernidade líquida.
Nesse cenário, a utopia que devemos perseguir deve ser aquela que busca trilhar os caminhos que transformem o cidadão em sujeito de direito, que as estruturas de solidariedade prevaleçam sobre as de competição e disputa, que os sistemas de proteção estatal às intempéries da vida se fortaleçam cada vez mais acabando com as incertezas, que os fracassos individuais passem a ser vistos como de uma coletividade, que a perspectiva da idealização em longo prazo não tenha fim, e, que poder e política não sejam vistas como coisas distintas, separadas.
Dessa forma, acredito que a educação ambiental crítica tem um papel de bastante relevância para desempenhar no processo de humanização dessa sociedade que vive a chamada modernidade líquida. Sei que isso não ocorre da noite para o dia, porém, precisamos aprender com a realidade atual e, penso que isso é possível se despirmo-nos dos preconceitos e teorias prontas. Nesses termos, concordo com o professor Marcos Sorrentino que desvela o conceito de pedagogia da complexidade. Para ele, esse modelo que pressupõe um aprendizado com a realidade é possível se exercitarmos um olhar pesquisador, indagador, curioso, aberto ao novo, sem perguntas prontas e acabadas, mas formulador de perguntas, atencioso, honesto, integro, dialógico.
Nessa conjuntura, acredito que os caminhos que a Educação Ambiental Crítica deva trilhar são difíceis e variados, no entanto, tal caminho nunca dever percorrido e permeado pelo olhar de apenas um campo do conhecimento. Assim, creio que esses campos dos conhecimentos devam travar uma conversa dialógica, pois cada um deles vê a EA crítica de forma diferente, cada um deles tem a capacidade de interpretar diferentemente esse modelo educativo. O significado de interpretar aqui é visto como Avanzi & Malagodi apregoam: “... seria procurar o sentido interno por detrás do que foi expresso e assim, projetar possíveis sentidos visando à compreensão (p.96).”
Nessa direção, para que a EA crítica seja uma das ferramentas de construção de valores conservacionistas do ambiente no qual estamos inseridos, precisamos formular ações transformadoras das realidades atuais. Para tanto, uma das várias diretrizes do processo educador devem se pautar na formação de coletivos educadores, na popularização das EA crítica em diferentes espaços educativos da sociedade, na garantia desse modelo educacional como política de Estado e da sociedade humana.
Enfim, concluo que somos seres inconclusos que vivem em um mundo em mutação, da mesma forma que o sistema educacional do qual a EA critica faz parte. Assim, afirmo que por estar em constante aprendizado, não consegui incorporar todo o conhecimento disponibilizado na disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica. Desse modo, me avalio como um aluno que necessita de mais leituras para fundamentar o meu discurso, sendo necessário um maior aprofundamento na temática da EA crítica.

REFERÊNCIAS

AVANZI, Maria Rita & Marco A. S. Malagodi. Comunidades interpretativas. (p.95-102).
OLIVEIRA, Dennis de. A utopia possível na sociedade líquida: o sociólogo afirma que é preciso acreditar no potencial humano para que um outro mundo seja possível. Entrevista: Zygmunt Bauman. In: Cult. n. 138. P. 14-18.
SORRENTINO, Marcos. Educação Ambiental e Pedagogia da Complexidade. In: Novatitude. (p.8).

* Adaptação de trabalho apresentado ao Professor Marcos Sorrentino, da disciplina Teoria e da Prática da Educação Ambiental Crítica, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, em julho de 2011.

terça-feira, 19 de julho de 2011

TURMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE MARABÁ

Está em fase de encerramento das disciplinas do Curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, realizado pelo Neam (Núcleo de Educação Ambiental) da UFPA, Marabá. A partir do mês de agosto as disciplinas serão ministradas de forma intervalar.