quinta-feira, 22 de março de 2012

POLÊMICA SOBRE O NOVO PCCR DOS EDUCADORES DE PARAUAPEBAS

OS EDUCADORES DE PARAUAPEBAS NÃO ABREM MÃO
DA APROVAÇÃO DO NOVO PCCR CONSTRUIDO PELA CATEGORIA

Há quatro anos a categoria vem construindo o novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da rede municipal de ensino. A greve municipal de 2010 foi resultado da falta de um PCCR que realmente valorize e contemple todos os educadores de Parauapebas.

Por isso o nosso primeiro ponto de pauta na greve era a aprovação do NOVO PCCR da categoria. De lá para cá obtivemos muitas conquistas e abrimos mão de outras. Destacamos as horas atividades, que ganhamos em primeira instância na justiça e abrimos mão do montante total, em função do nosso PCCR. Vale ressaltar que a hora atividade era um direito constitucional dos professores e o governo não pagava há quase uma década. Só passou a pagar a partir do ano passado, depois da greve.

Todavia, até o momento o governo continua nos enrolando com relação ao PCCR. Foi nomeada uma comissão pelo governo que nunca trabalhou de forma unificada e que não tem autonomia para decidir o encaminhamento dos pontos conflitantes do PCCR, que são: gratificações por nível de escolaridade, concurso público para especialista em educação, criação do cargo de educador ambiental, licença remunerada para estudos e eleição direta para diretores de escolas.

Esse governo que se diz ser cidadão, democrático e dos trabalhadores, parece não querer promover a autonomia das escolas públicas. Assim como os outros governos passados, continua usando as escolas como “currais eleitorais”, fazendo dos cargos públicos, instrumento de negociação partidária ou de coação para a manutenção do poder conservador e indolente.

Por último não quer respeitar a legitimidade da greve nacional da educação de três dias, convocada pela CNTE e coordenada em nosso município pelo SINTEPP. Lembramos ao governo que este movimento foi em prol dos 10% do PIB para a educação, o que garantiria o cumprimento imediato do piso salarial pela maioria dos governos municipais e estaduais, como também a melhoria significativa do ensino público.

Portanto, estamos contribuindo para que aumentem os investimentos em educação, que beneficiará todos os prefeitos, mesmo aqueles que estão se colocando contra a luta da categoria. Os chefes desse governo, que é formado quase todo por professores também se beneficiarão com o novo PCCR.

Por coerência, o “governo cidadão” deveria apoiar o movimento dos educadores, visto a importância que já teve esse movimento para ampliar os investimentos públicos na educação de nosso município, principalmente na melhoria salarial de todos os educadores, inclusive os que ocupam cargos de coordenadores e diretores de escolas. Será se não tivesse acontecido à greve em 2010 nós teríamos hoje as quadras cobertas, as escolas reformadas e climatizadas, a entrega dos notebooks, a melhoria da merenda escolar e o pagamento das horas atividades?

Esperamos mais uma vez que o governo não inviabilize a aprovação do novo PCCR e não cause mais transtornos para a educação, pois só temos até a primeira semana de abril para que o PCCR seja aprovado pelos vereadores, caso contrário todas as nossas negociações aconteceram em vão e o SINTEPP terá toda a razão do mundo para encaminhar a decisão da categoria que é o NOVO PCCR aprovado ou GREVE MUNICIPAL.

Raimundo Moura, Pedagogo, Especialista em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional pela UFPA, educador da rede municipal e estadual de ensino, membro do Conselho Municipal de Educação de Parauapebas e da Comissão do PCCR.

quarta-feira, 21 de março de 2012

VAMOS SOCIALIZAR O RESUMO DOS ARTIGOS FINAIS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL


ARTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O Currículo e a Prática Pedagógica do Ensino de Arte no 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental na Escola Novo Horizonte
Maria Geneuci da Silva Santos
Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campos de Marabá/Pa
mariageneucidasilvasantos @yahoo.com.br

RESUMO
Este artigo é resultado de uma pesquisa de campo realizada sobre o tema Arte e Educação Ambiental, a qual analisou a Proposta Curricular para o ensino de arte no 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental desenvolvida na Escola Municipal Novo Horizonte, bem como a relação desse currículo de artes com a E.A através da prática pedagógica dos educadores dessa modalidade de ensino.  A fim de refletir sobre os procedimentos didático-pedagógicos desenvolvidos em sala de aula que viabilizem a emancipação dos sujeitos envolvidos. Os argumentos aqui apresentados giram em torno da premissa de que as transformações dos valores éticos e estéticos modificam atitudes e comportamentos nas relações dos sujeitos com o meio ambiente. A análise feita permitiu compreender como o ensino da arte se distancia da E.A. Para tanto a pesquisa tem como fundamentos teóricos abordagem sobre a importância da educação ambiental, da história da arte e os valores sociais. Tendo como foco, o currículo escolar em arte e tema transversal a E. A e suas implicações culturais. Além de ter como foco de análise o Plano Municipal de Educação, tomando como referência o Parâmetro Curricular Nacional para o Ensino de Arte e a Proposta Curricular Municipal para o Ensino de Arte nos 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental. Como técnica de coleta de dados in loco fez-se observações das atividades do educador de Arte em sala de aula. Finaliza com a apresentação de algumas considerações para a reflexão acerca da mudança paradigmática do pensamento ocidental em direção ao pensamento sistêmico e seus benefícios à educação e à sustentabilidade.
 
Palavras-Chave: Educação Ambiental, Ensino de Artes, Transdisciplinaridade, Sustentabilidade.

domingo, 11 de março de 2012

Cavernas, lagos e cifrões


Por Lúcio Flávio Pinto | Cartas da Amazônia – qua, 8 de fev de 2012
 
Em 1967, um pequeno grupo de geólogos, contratados por aquela que era então a maior siderúrgica do mundo, a United States Steel, confirmou em pesquisa de campo: 500 quilômetros ao sul de Belém, a 900 quilômetros do litoral norte, em plena selva amazônica, havia a melhor jazida de minério de ferro do planeta.
Carajás era um paraíso. O minério mais usado pelo homem aflorava no alto dos platôs cobertos por vegetação rasteira, em altitudes que chegavam a 600 metros. As encostas eram tomadas, em grande densidade, por árvores altas, que se espraiavam por todas as direções. Circundando as serras, dois rios serpenteavam suas águas. A fauna era rica, exuberante. Aquele lugar merecia servir de imagem para o Éden.
Minério e natureza selvagem são termos acompanhantes — e também conflitantes. A extração de um é feita à custa da integridade da outra. Mas nunca esse choque foi tão forte quanto em Carajás.
Originalmente, esse enorme depósito de ferro devia ser levado para os Estados Unidos. Mas quando a US Steel se retirou do empreendimento, em 1977, a estatal Companhia Vale do Rio Doce, que sucedeu a multinacional americana, desviou o rumo para o Oriente. A hematita do Pará atravessaria 20 mil quilômetros de mares e iria preferencialmente para o Japão, até então abastecido pela Austrália, que estava quatro vezes mais próxima.
Ao chegarem a Carajás, os japoneses se deslumbravam. Diga-se que não era apenas pelo fato de que o teor de hematita na rocha daquela região possuía o dobro da qualidade do similar australiano. Era também porque a rica paisagem contrastava com a aridez das zonas mineiras tradicionais. Ambiente igual não existia. Só em Carajás.
Em 2007 a Vale, privatizada 10 anos antes, comemorou o primeiro bilhão de toneladas produzidas em Carajás. Dava a média de 45 milhões de toneladas por ano. Nos primeiros anos após a inauguração da mina, em 1984, a produção não fora além de 25 milhões de toneladas, que era a meta do projeto. Nos anos mediatamente anteriores ao 1º bilhão, a produção era de 90 milhões de toneladas.
Neste ano já devia passar para 130 milhões, mais de um terço de toda a produção da Vale, que é a segunda maior mineradora do mundo (depois da anglo-australiana BHP Billiton) e a maior vendedora de minério de ferro. Mas desde 2006 a produção não cresce, derrubando as metas fixadas pela empresa.
Era porque a Vale não conseguia liberar seus novos projetos em Carajás. Só no final do mês passado, depois de 10 anos sem expedir qualquer documento para a companhia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis aprovou o licenciamento ambiental para o funcionamento da quinta mina na parte norte da jazida.
O ato foi muito comemorado, mas dele não resultará qualquer
modificação na escala da extração. Melhorará apenas a qualidade da mercadoria, já que a mina liberada contém minério de melhor teor do que o das minas já em exploração.
Para a Vale, o mais importante é se essa aprovação indicar a tendência do Ibama de repetir o licenciamento, talvez ainda neste ano, de uma nova área de mineração, ao sul das minas que estão em atividade há quase 40 anos. A Serra Sul tem mais e melhor minério. Por isso proporcionará à Vale dobrar a atual produção. Mas também é uma paisagem ainda mais deslumbrante e rara.
No conjunto de serras do sul do distrito mineral há um belo e profundo lago perene. Há várias cavernas, nas quais o homem viveu, a partir alguns milhares de anos atrás. São testemunhos arqueológicos valiosos.
Um antigo gerente de Carajás quis dinamitar cavernas da Serra Norte, que abriram um novo capítulo para a reconstrução da presença humana na Amazônia. Foi contido.
Desde então, cavernas têm que permanecer intocadas em áreas de mineração. Se assim continuar, Serra Sul não poderá existir. Mas ela é um projeto de oito bilhões de dólares (10% previstos para 2012). Ao preço de hoje, permitiria à Vale faturar mais do que US$ 10 bilhões por ano, mandando 60% de toda a sua produção para a China.
São quantidades de causar impacto, como vem acontecendo em Carajás desde 2001, quando os chineses, que até então eram um cliente de pouca significação (compravam 5% do minério da Vale), começaram a avançar sobre as montanhas de minério rico. Suplantaram seus vizinhos japoneses e agora pesam nos destinos da Vale — e do Brasil — como, talvez, nenhum outro país em toda a história nacional.
Graças a isso, no ano passado o lucro líquido da Vale representou quase 10 vezes mais do que os US$ 3,3 bilhões pagos ao governo pelo controle acionário da estatal, a jóia da coroa das privatizações realizadas a partir do governo Collor (e só na aparência interrompidas pela administração do PT, aparência desfeita de vez pela alienação de três aeroportos até então oficiais).
Quase metade dos US$ 30 bilhões de lucro de 2011 serão investidos pela Vale neste ano. O principal empreendimento é o de Serra Sul, que praticamente recomeça a história de Carajás e dá um salto (talvez mortal) nas transações com a China. Cavernas e lago terão vez nessa agenda de cifrões?