segunda-feira, 25 de julho de 2011

AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO DA DISCIPLINA TEORIA E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA*

Valtey Martins de Souza

Nesse texto irei discorrer sobre o aprendizado da disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica, onde os conceitos que mais marcaram o aprendizado foram utopia, ambientalismo, modernidade líquida, pedagogia da complexidade e interpretar.
Essa disciplina do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, nos levaram a uma série de reflexões acerca de utopias que temos a respeito do ambientalismo que queremos e praticamos. No meu entendimento, o termo utopia se referia, “grosso modo”, a sonhos inalcançáveis, a realidades distantes, a algo que poderíamos imaginar em ter, mas nunca possuir. No entanto, na primeira aula, logo no início da manhã, o professor nos fez vislumbrar outra possibilidade de ver o termo em questão, a partir de agora, utopia passa a ser entendida como para onde nos queremos caminhar.
Nessas condições, faço uma análise de que o termo citado acima era visto como eu falei primeiramente, especialmente devido a vivermos em uma sociedade em que prevalecem os valores que privilegiam as relações capitalistas de produção, em detrimento de relações que humanizem as relações entre os seres componentes do tecido social. Na minha interpretação, a sociedade humana passa por um processo de transformação que na percepção de Bauman citado por Oliveira, pode ser sintetizada nos seguintes processos: a transformação do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo a procura de afirmação no espaço social; a transição de estruturas de solidariedade grupal para as de disputa e competição; o abrandamento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, originando um constante ambiente de incertezas; a colocação de culpabilidade por casuais fracassos no plano individual; o final da perspectiva da idealização em longo prazo; e o divórcio e a iminente separação total entre poder e política. A esse momento por que passa a sociedade humana, o autor citado anteriormente chama de modernidade líquida.
Nesse cenário, a utopia que devemos perseguir deve ser aquela que busca trilhar os caminhos que transformem o cidadão em sujeito de direito, que as estruturas de solidariedade prevaleçam sobre as de competição e disputa, que os sistemas de proteção estatal às intempéries da vida se fortaleçam cada vez mais acabando com as incertezas, que os fracassos individuais passem a ser vistos como de uma coletividade, que a perspectiva da idealização em longo prazo não tenha fim, e, que poder e política não sejam vistas como coisas distintas, separadas.
Dessa forma, acredito que a educação ambiental crítica tem um papel de bastante relevância para desempenhar no processo de humanização dessa sociedade que vive a chamada modernidade líquida. Sei que isso não ocorre da noite para o dia, porém, precisamos aprender com a realidade atual e, penso que isso é possível se despirmo-nos dos preconceitos e teorias prontas. Nesses termos, concordo com o professor Marcos Sorrentino que desvela o conceito de pedagogia da complexidade. Para ele, esse modelo que pressupõe um aprendizado com a realidade é possível se exercitarmos um olhar pesquisador, indagador, curioso, aberto ao novo, sem perguntas prontas e acabadas, mas formulador de perguntas, atencioso, honesto, integro, dialógico.
Nessa conjuntura, acredito que os caminhos que a Educação Ambiental Crítica deva trilhar são difíceis e variados, no entanto, tal caminho nunca dever percorrido e permeado pelo olhar de apenas um campo do conhecimento. Assim, creio que esses campos dos conhecimentos devam travar uma conversa dialógica, pois cada um deles vê a EA crítica de forma diferente, cada um deles tem a capacidade de interpretar diferentemente esse modelo educativo. O significado de interpretar aqui é visto como Avanzi & Malagodi apregoam: “... seria procurar o sentido interno por detrás do que foi expresso e assim, projetar possíveis sentidos visando à compreensão (p.96).”
Nessa direção, para que a EA crítica seja uma das ferramentas de construção de valores conservacionistas do ambiente no qual estamos inseridos, precisamos formular ações transformadoras das realidades atuais. Para tanto, uma das várias diretrizes do processo educador devem se pautar na formação de coletivos educadores, na popularização das EA crítica em diferentes espaços educativos da sociedade, na garantia desse modelo educacional como política de Estado e da sociedade humana.
Enfim, concluo que somos seres inconclusos que vivem em um mundo em mutação, da mesma forma que o sistema educacional do qual a EA critica faz parte. Assim, afirmo que por estar em constante aprendizado, não consegui incorporar todo o conhecimento disponibilizado na disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica. Desse modo, me avalio como um aluno que necessita de mais leituras para fundamentar o meu discurso, sendo necessário um maior aprofundamento na temática da EA crítica.

REFERÊNCIAS

AVANZI, Maria Rita & Marco A. S. Malagodi. Comunidades interpretativas. (p.95-102).
OLIVEIRA, Dennis de. A utopia possível na sociedade líquida: o sociólogo afirma que é preciso acreditar no potencial humano para que um outro mundo seja possível. Entrevista: Zygmunt Bauman. In: Cult. n. 138. P. 14-18.
SORRENTINO, Marcos. Educação Ambiental e Pedagogia da Complexidade. In: Novatitude. (p.8).

* Adaptação de trabalho apresentado ao Professor Marcos Sorrentino, da disciplina Teoria e da Prática da Educação Ambiental Crítica, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, em julho de 2011.

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